“Madrinha do renascimento do samba de raiz do Rio de Janeiro”

A mulher inspiradora da semana é Elizabeth Santos Leal de Carvalho, Beth Carvalho, carinhosamente chamada de “madrinha do samba”.
Beth Carvalho começou sua carreira na bossa nova, influenciada por João Gilberto, ao lado de músicos como Taiguara, Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli.

Do pai, cassado pelo golpe de 1964, herdou a paixão pela música e as firmes posições politicas. Nascida na zona sul carioca, Beth recebeu educação refinada, estudou balé e música desde a infância, torcia para do Botafogo e defendia a “Verde e Rosa”.
No ano de 1966 Beth Carvalho se encantou pelo samba participando do show “A Hora e a Vez do Samba”, com Nelson Sargento e Noca da Portela. Em seguida, conquistou o terceiro lugar no Festival internacional da Canção de 1968 com a música “Andança” e nunca mais se separou dos palcos.

Beth se tornou cantora referencia no universo do samba, não só por sua própria carreira, mas também por descobrir e projetar nomes que se tornaram grandes na música brasileira, como Arlindo Cruz e Zeca Pagodinho, e também colaborou, na década de setenta, para popularizar o repertório de Cartola.

Zeca Pagodinho assim se expressa:
“Muita gente ela botou lá em cima. Eu costumo brincar, dizer que eu sou só um compositor e virei Zeca Pagodinho por causa da Beth”.
Corajosa, com apenas 26 anos, pediu um samba inédito a Nelson Cavaquinho. Ganhou simplesmente “Folhas Secas”, que marca seu primeiro disco dedicado ao gênero – Canto para um Novo Dia (1973).

Em 1974, veio “1.800 colinas”, de Gracia do Salgueiro. Em 1976, “As rosas não falam”, de Cartola. Em 1977, “Saco de feijão” de Francisco Santana e “O mundo é um moinho” também de Cartola. Em 1978, outra canção antológica: “Vou festejar” de Jorge Aragão, Dida e Neoci Dias, sucesso que impulsionou o pagode. Em 1979, “Coisinha do pai” de Jorge Aragão, Almir Guineto e Luiz Carlos.
Nos últimos anos de vida, Beth Carvalho, apresentou sérios problemas de saúde convivendo com uma grave inflamação na parte inferior da coluna. Segundo o empresário da sambista, Afonso Carvalho, mesmo internada no hospital, Beth não conseguia ficar parada.
“Ela foi uma guerreira que buscava nos palcos a força para se manter confiante, com alegria”.
Seu ultimo show aconteceu em 2018. Bastante debilitada, Beth Carvalho se apresentou deitada, cantando seus últimos sucessos ao lado do Grupo Fundo de Quintal.

A sambista se despediu da vida aos 72 anos em abril de 2019. A postura perante a música a imortalizou. O samba sempre vai pedir a bênção à madrinha do samba.

Caetano Veloso assim se expressa:
“Beth Carvalho é a Madrinha do renascimento do samba de raiz do Rio de Janeiro. É uma das maiores expressões da nossa cultura”;
Ouviremos, com saudades, um de seus primeiros sucessos – “Andança” composição de Paulinho Tapajós, Danilo Cayme e Edmundo Souto.
Observe a beleza desta letra e a expressividade da interprete.
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