ERUDITO OU POPULAR?

 “Ernesto Nazareth é a verdadeira encarnação da alma musical brasileira”


Ernesto Nazareth (1863 – 1934)

Estamos vivendo tempos desafiadores. Constantemente convivemos com falta de empatia e bom senso. Há extremismo, nas discussões dos mais diversos assuntos,  em exaltadas opiniões nas redes sociais, bem como entre amigos e familiares.

Na música, ainda hoje, se discute diferenças entre o “erudito” e o “popular”. O compositor carioca Ernesto Nazareth (1863 – 1934) ilustra bem esta polemica. Nazareth sonhava em ser um reconhecido pianista, estudar no exterior, ser aceito como “músico erudito”.

Ernesto Nazareth transita entre o chamado “erudito” e o “popular”. Ora se percebe em sua obra um toque “chopiniano”, especialmente nas valsas, ora a vibração de uma polca, um tango ou de um choro entranhado de “alma brasileira”.

Polemica a parte, Ernesto Nazareth foi genial. Apresentava-se como pianista ou “pianeiro” em recitais, salas de cinema, lojas de partituras, bailes, reuniões e cerimônias sociais. Foi tocando piano na sala de espera do Cine Odeon no centro do Rio de Janeiro que compôs em 1910,  uma de suas mais famosas obras,   o Tango ODEON.

Muitas personalidades ilustres frequentavam o Cine Odeon exclusivamente para ouvir o artista.  Foi neste tradicional cinema carioca que Nazareth conheceu o compositor francês Darius Milhaud (1892 – 1974) e nada menos que o afamado pianista  Arthur Rubinstein (1887 – 1982). 


Cine Odeon, Rio de Janeiro

No anseio de ser reconhecido como pianista “erudito”, Nazareth não pode perceber o quanto sua música era original e repleta de brasilidade. O fato de não ter ido estudar na Europa como outros compositores da época, não o fez menor, muito pelo contrário, foi bebendo na fonte da música urbana carioca que ele compôs tão originalmente.

Ernesto Nazareth deixou 218 obras como: “Apanhei-te, cavaquinho”, “Ameno Resedá”, “Confidências”, “Coração que sente”, “Expansiva”, “Turbilhão de beijos”, “Odeon”, “Fon-fon”, “Escorregando”, “Brejeiro” “Bambino” e muitas outras.

Sua vida não foi fácil. Portador de sífilis foi internado na Colônia Juliano Moreira em Jacarepaguá no Rio de Janeiro.   Fugiu no principio de 1934, sendo seu corpo encontrado, três dias após a fuga, boiando nas águas da represa que abastecia o manicômio. Nunca foram comprovados os reais motivos de sua morte.

O que diziam de Nazareth?


Brasílio Itiberê II (1896 – 1967)

Segundo Brasílio Itiberê II (1896 – 1967) Nazareth foi:

“… Expoente máximo de nossa música popular e um autêntico precursor da música erudita de caráter nacional”.

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Villa-Lobos (1887 – 1959)

Para Villa-Lobos (1887 – 1959) Ernesto Nazareth :

“… É a verdadeira encarnação da alma musical brasileira”.


Mário de Andrade (1893 – 1945)

Mário de Andrade (1893 – 1945):

“… Ninguém melhor do que ele para representar o espiritamente achacoalhado e jovial do carioca”.


Francisco Mignone (1897 – 1986)

Francisco Mignone (1897 – 1986) disse:

“… Ele deve ser considerado um clássico da música brasileira nacionalista”

Ouviremos de Ernesto Nazareth – Odeon em gravaçãode 1975 do pianista Arthur Moreira Lima (1940). Ao gravar a obra de Nazareth, gerou polemica, por se tratar de um pianista “erudito” consagrado, vencedor de prêmios internacionais.  Sem se abalar com as controvérsias, acabou por fazer grande sucesso.

Arthur Moreira Lima (1940)

Observe nesta interpretação de Odeon à brasilidade rara de Ernesto Nazareth, e o pianismo particular de Arthur Moreira Lima.

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4 comentários em “ERUDITO OU POPULAR?

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