uma brincadeira musical de Camille Saint-Saëns
Carnaval dos Animais é uma peça para dois pianos e orquestra, composta em 1886 quando o compositor francês Camille Saint-Saëns (1835-1921), passava férias em uma pequena aldeia na Áustria, após ter retornado de uma frustrante turnê na Alemanha.
Culto, versátil e refinado, Saint-Saëns escreve o Carnaval dos Animais como uma brincadeira para divertir seus amigos na época do carnaval e criticar o cenário musical parisiense no fim do século XIX. Por precaução, não permitiu que a obra fosse publicada, temia que ela arruinasse sua reputação de “compositor sério”. Ironicamente, O Carnaval dos Animais figura, desde sua estreia pública em 1922, um ano após a morte do compositor, entre suas obras mais apreciadas e populares.
Repleta de referências a outros compositores, a obra foi executada apenas duas vezes antes da morte de Saint-Saëns em 1921. A exceção é – “O Cisne” para piano e violoncelo, sendo essa a peça mais conhecida do Carnaval.
O Carnaval dos Animais é uma suíte composta por 14 movimentos, nos quais 13 deles descrevem personagens.
I – Introdução e Marcha Real do Leão com tema originalde Saint–Saëns, os dois pianos trinam e arpejam; as cordas abrem a marcha do soberbo animal, imitando os rugidos do Leão;
o II movimento descreve as Galinhas e Galos com um breve trecho à moda do compositor francês Jean-Philippe Rameau (1683 – 1764);
o III descreve as Mulas, animais muito velozes, “asnos selvagens” – com tema original de Saint-Saëns, os dois pianos lançam-se em escalas em clima de loucura, e nunca se alcançam;
o IV movimento descreve as Tartarugas, Saint-Saëns faz uma paródia lenta ao afamado Can Can de Offenbach (1818 – 1880);
o V descreve O Elefante fazendo uma paródia lenta de “Dança das Sílfides” de“A Danação de Fausto” do compositor francês Louis-Hector Berlioz (1803 – 1869) com alusão ao “Scherzo” de “Sonho de uma noite de Verão” do alemão Felix Mendelsshon (1809 – 1847);
o VI movimento apresenta o Canguru, com tema original do autor, representando os pianistas que “saltitam”, ‘hesitam’ e “param”;
o VII descreve o – Aquário com ondas, natação e gotas de água, sendo uma das peças mais criativas do Carnaval, cheia de magia e mistério;
o VIII movimento descreve os Personagens de orelhas compridas, os violinos se alternam na imitação do relinchar dos burros;
o IX descreve o cuco nas profundezas dos bosques;
o X movimento descreve os Pássaros lembrando os passarinhos em revoada;
o XI movimento, ironicamente, Saint-Saëns descreve o pianista iniciante que tanto o incomodava – segundo o compositor, “pianistas iniciantes são verdadeiros animais, e não dos menos barulhentos”, o compositor faz uma alusão aos afamados estudos de Carl Czerny (1791 – 1857);
o XII movimento o compositor descreve os Fósseis, representando “as antiguidades”, utilizando de citações de sua “Danse Macabra”, como se os ossos batessem uns nos outros;
o XIII é o mais famoso dos movimentos, descreve O Cisne, com um belo tema original de Saint-Saëns que se tornou um hino dos violoncelistas;
o XIV – Final é o desfile da bicharada, onde aparecem os principais temas ouvidos durante a obra, inclusive a dos pianistas.
Ouviremos Carnaval dos Animais de Camille Saint-Saëns, em sua íntegra, em gravação no Japão em 2014 com Martha Argerich, Gidon Kremer, Akane sakai, Yuzuko Horigome, Yoshiko Kawamoto, Giedre Dirvanauskaite, Shu Yoshida, Juliette Hurel, Raphael Sévère, Sawako Yasue.
Observe a ironia e a beleza do Carnaval dos Animais nesta interpretação impecável.
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Uma Criação Bem Criativa, mais que composição um Lansamento: o canto dos bichos animais.
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Camille Saint-Saëns temia que a sua obra carnaval dos animais, produzida em um momento de descontração não estivesse a altura de sua carreira e após ser lançada tornou-se uma das obras mais famosa, o medo dele atrapalhou desfrutar da grandiosidade e leveza que a peça trouxe ao público.
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