Louise Farrenc (1804 – 1875)

Embora a música fosse vista como um “atrativo a mais” para as mulheres “de boa família” exclui-las de atividades musicais profissionais era algo considerado completamente normal até muito pouco tempo.
Num passado recente orquestras como a Filarmônica de Berlim, a Filarmônica de Viena e a Filarmônica Tcheca não permitiam a entrada de mulheres em seu corpo efetivo.
No século XIX, ser compositora era quase inimaginável. Segundo a pianista e compositora
Clara Schumann (1819 – 1896):
“Acreditei que tinha talento criativo, mas desisti desta ideia; uma mulher não pode desejar compor – nunca houve nenhuma capaz disso. E eu serei a primeira? Seria arrogância minha acreditar nisso. “
Falaremos hoje da trajetória da francesa Louise Farrenc (1804 – 1875). Pianista e compositora, filha de uma família de artistas, demonstrou desde muito cedo aptidão musical. Embora desconhecida do grande público, Farrenc compôs um considerável volume de obras de grande qualidade para sopros, cordas e piano, além de Duas Aberturas e Três Sinfonias.

Aos 15 anos seus pais permitiram que ela estudasse composição, mesmo que estas aulas fossem restritas aos homens. Aos 17 anos Louise casou-se com o flautista Aristide Farrenc (1794 – 1865) de quem herdou o sobrenome. O casal foi proprietário da editora “Éditions Farrenc” uma das principais editoras de música da França por quase 40 anos.

Mesmo considerando o preconceito existente no século XIX contra mulheres compositoras, Louise Farrenc desfrutou de grande reputação durante sua vida. Iniciou os estudos de piano com Cecile Soria, ex-aluna de Muzio Clemente (1752 – 1832), recebendo também ensinamentos de Ignaz Moscheles (1794 – 1870) e Johann Hummel (1778 – 1837). Suas obras demonstram influencia dos três compositores.

Em 1842 Farrenc foi nomeada para o cargo de professora efetiva de piano do Conservatório de Paris, sendo considerada uma de suas melhores professoras. Segundo relatos da época, muitos de seus alunos formaram com o “Premier Prix”.
Apesar disso, Farrenc recebia salário menor do que seus colegas do sexo masculino. Esta situação chegou ao fim após a estreia triunfante de seu, Noneto em Mi Bemol Maior (1849), para quarteto de cordas e quinteto de sopros; com a participação do violinista, de grande reputação na época, Joseph Joachim (1831 – 1907).

Assim se expressou um dos maiores críticos do século XIX na França, na edição Biographie Universelle des Musiciens – François – Joseph Fétis (1784 – 1871), sobre a compositora Farrenc:
“ Se o compositor é desconhecido, a audiência permanece não receptiva, e o as editoras, especialmente na França, fecham seus ouvidos quando alguém lhes oferece um trabalho decente (…) seus trabalhos foram reconhecidos pelos sábios e conhecedores da época como de primeira linha, mas isso não foi o suficiente para ganhar fama duradoura como compositora”.
Louise Farrenc morreu em Paris em 1875. Durante décadas após sua morte, sua obra sobreviveu, com o passar do tempo seus trabalhos foram em grande parte esquecidos até que, no final do século XX, a partir do interesse em pesquisas sobre mulheres compositoras, Farrenc foi redescoberta e muitas de suas obras foram gravadas.

Ouviremos de Louise Farrenc o afamado Noneto em Mi Bemol Maior (1849) com o grupo de câmara da “Capella Coloniensis” – Orquestra fundada pela Rádio Alemã em Colônia (1954) com o objetivo de apresentar ao público ouvinte uma performance historicamente informada.
Observe a instrumentação requintada, para a épca, e o som dos nove instrumentos: violino, viola, violoncelo, contrabaixo, flauta, oboé, clarineta, trompa e fagote. O Noneto de Farenc possui quatro movimentos: 1. Adagio – Allegro; 2. Andante con moto; 3. Scherzo. Vivace; 4. Adagio – Allegro.
*Depois, deixe seu comentário e vamos papear também nas Redes sociais!
Um dialogo, Onde-se Estabelecem em uma Linguagem: Universal destas Composoções musicais. Perguntas e Resposta Period
CurtirCurtido por 2 pessoas
Um Dialogo, Onde-se Estabelecem Uma Linguagem: Universal Composoções em PERFORMANCE:
CurtirCurtido por 2 pessoas