O pianista pesquisador do repertório não frequentado

O pianista e pesquisador brasileiro José Eduardo Martins nasceu em São Paulo em 1938. Oriundo de uma família dedicada às artes e ao conhecimento. O pai, o português José Martins, dedicou a fazer dos filhos homens que viriam ao mundo para fazer diferença. Dentre seus irmãos, o renomado jurista Ives Gandra Martins (1935) e o maestro João Carlos Martins (1940), que desde muito cedo iniciaram o estudo do piano.

Professor titular aposentado da Universidade de São Paulo – José Eduardo desenvolveu uma brilhante carreira como pianista e pesquisador. Possuidor de um rico acervo musical constituído de livros, revistas arbitradas e partituras, Martins escolheu a Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás, para ser a beneficiária desse rico material bibliográfico.
Segundo Martins:
“O fato da UFG se encontrar distante do eixo geográfico São Paulo e Rio de Janeiro, que concentra as Universidades Federais e Estaduais com suas bibliotecas bem próximas, fez-me pensar nessa penetração mais a Oeste de nosso país. Concentrar-me na UFG é relevante pelo fato essencial de a Universidade Federal de Goiás ser uma das mais importantes do país”.

Ademais, Goiânia e o pianista José Eduardo Martins possuem uma relação afetiva de longa data. O pianista frequenta Goiânia desde a década de 1970, ministrando aulas, participando de bancas examinadoras e recitais promovidos pela Universidade Federal, bem como, por outras entidades artísticas espalhadas pela cidade, como o tradicional MVSIKA Centro de Estudos e a já extinta Pauta Escola de Artes.

Ter sido escolhida para receber um acervo desta envergadura é, sem dúvida, uma grande honraria para a Universidade Federal de Goiás. A Escola de Música pretende alocar todo o material em uma sala na EMAC/UFG que terá, por mérito, o nome do pianista José Eduardo Martins, disponibilizando o acervo para toda a comunidade acadêmica.
Martins é Doutor Honoris Causa pela Universidade Constantin Brâncuşi da Romênia e Acadêmico Honorário da Academia Brasileira de Música. Recebeu, em 2004, a Ordem do Rio Branco, uma das honrarias mais significativas do governo brasileiro. Em 2011, foi agraciado com a comenda “Officier dans l’Ordre de La Couronne“, outorgada pelo Rei Alberto II, da Bélgica. Recentemente, juntamente com o musicólogo e autor português Mário Vieira de Carvalho (1943), tornou-se sócio honorário da Associação Lopes-Graça em Portugal.

José Eduardo se dedicou ao repertório não frequentado, realizando ciclos com as integrais de compositores como Debussy (1862 – 1918), Scriabin (1872 – 1915), Rameau (1683 – 1764), Moussorgsky (1839 – 1881), Fernando Lopes-Graça (1906 – 1994) entre outros. Apresentou, em primeira audição, mais de 130 composições contemporâneas de autores de vários países. Realizou a gravação de 22 CDs na Bélgica, Bulgária e Portugal, lançados pela Labor (EUA), PKP (Bélgica), Portugaler, PortugalSom/Numérica (Portugal) e pelo selo De Rode Pomp, da Bélgica Flamenga.

Ele é autor de diversos livros sobre música e de mais de uma centena de artigos publicados em várias revistas e periódicos do Brasil e do exterior, incluindo artigos para a Biblioteca Nacional de Paris, Imprensa da Universidade de Coimbra e para a Universidade de Sorbonne. Além disso, foi responsável pela redescoberta, no fim dos anos setenta, do grande compositor romântico brasileiro Henrique Oswald (1852– 1931), realizando gravações, primeiras audições e edição de partituras de inúmeras obras para piano solo e camerística com piano do compositor. Martins é autor do livro “Henrique Oswald – Músico de Uma Saga Romântica”.

“(…) Ainda bem que o pianista, durante uma pausa, entre escalas e arpejos, contemplou o compositor com um livro que fez chorar de alegria. Lá no céu”. Oliver Toni (1926 – 2017) – Compositor e maestro
Ouviremos o pianista José Eduardo Martins interpretar L’Egyptienne de Jean-Philippe Rameau (1683 – 1764).
Observe a interpretação magistral do pianista José Eduardo Martins
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