um filme que narra à trágica história, de Antonina Miliukova , esposa de Tchaikovsky

No mês das mulheres, falaremos de um filme que narra à trágica história, de Antonina Miliukova (1848 – 1917), esposa deTchaikovsky (1840 – 1893), abordando a questão patriarcal do divórcio. Na Rússia, daquela época, à mulher só conseguia uma decisão favorável ao divórcio quando assumia a infidelidade ou provava a prática “imoral” de seu marido.
Essa história se passa em uma Rússia homofóbica, na qual Pyotr Tachaikovsky escondeu ser homossexual e casou-se com Antonina Miliukova para abafar comentários sobre sua sexualidade.

Pyotr Tchaikovsky e Antonina Miliukova
“A esposa de Tchaikovsky” que abriu o Festival Cannes em 2022 vai revelando de forma surpreendente toda toxidade do relacionamento doentio do casal Pyotr e Nina. O longa é dirigido por Kirill Serebrennikov (1969) tendo como protagonistas Alyona Mikhailova (1995), no papel Antonina Miliukova e Odin Lund Biron (1984),como Tchaikovsky.

Kirill Serebrennikov (1969)
Na coletiva de imprensa oficial do filme em Cannes, Kirill Serebrennikov disse:
“Tchaikovsky tornou-se um grande gênio, e agora a Rússia se orgulha dele, mas o poder tradicional quer esconder os pontos escuros de sua vida – sua sexualidade e que ele era fã da monarquia. Não foi bom para o período soviético. Sua biografia é quase destruída cortando frases de suas cartas e citações. Está tudo danificado por pessoas que vivem nos tempos modernos. É por isso que eu queria contar essa história verdadeira.”
Essa história já foi contada no cinema em 1971 no filme“Delírio de Amor”.A história deTchaikovsky já foi abordada, também, em 2006, no documentário da BBC dirigido por Matthew Whiteman. Mas, infelizmente, mesmo hoje, 51 anos depois do primeiro filme, nessa ousada produção russa que enfrentou a repressão de seu país para contar a história de um de seus heróis, que era gay, a esposa Antonina, é retratada de forma negativa, rotulada como uma mulher imprudente e insana.

Historiadores confirmam que a jovem Nina conheceu Tchaikovsky em 1865, 12 anos antes de se casarem, através de uma amiga em comum, a cantora Anastasia Khvostova. Com apenas 16 anos na época, ela se encantou com o famoso compositor, então com 25 anos. O impacto desse primeiro contato jamais o atingiu, mas ela ficou obcecada.

Tchaikovsky por se sentir vulnerável às críticas da sociedade, em um ímpeto propõe casamento a Nina. Desastre anunciado. O compositor nunca foi apaixonado pela esposa, desgostava de sua origem simples e de sua família. Em apenas seis semanas de convívio se separaram.
Embora muitos tenham colocado a imagem negativa da esposa obstinada, o próprio Tchaikovsky teria escrito para a sua ”mecenas”, Nadezhda von Meck, que Nina era inocente.
“Minha esposa, seja lá o que for não deve ser culpada por eu ter levado a situação ao ponto em que o casamento se tornou necessário, (…) A culpa de tudo está na minha falta de caráter, minha fraqueza, impraticabilidade, infantilidade!”,
A relação distante, bastante desgastada, chegou ao fim com a morte repentina do músico aos 53 anos, em 1893. Oficialmente alegam que foi cólera, depois de ter bebido um copo de água não fervida. Alguns historiadores consideram que foi suicídio. Nina ainda viveu 24 anos, mas teve uma vida atribulada. Logo após a morte do compositor, começou a apresentar sinais de distúrbio emocional, com mania de perseguição, sendo internada em um manicômio, três anos após a morte do marido, onde ficou durante 20 anos, morrendo de pneumonia, em 1917.
A trilha sonora do filme apresenta algumas das conhecidas obras do compositor russo como: o Balé “O Lago dos Cisnes” e a ópera “Eugene Onegin”. Com certeza saímos do filme com uma enorme vontade de ouvir as obras de Tchaikovsky.
Ouviremos de Pyotr Tchaikovsky, o Concerto para piano e orquestra Nº 1 em Si bemol menor, op. 23. Escrito entre novembro de 1874 e fevereiro de 1875 teve sua estreia em Boston, nos Estados Unidos da América em 25 de outubro de 1875 regido por Benjamin Johnson Lang (1837 – 1909) e com Hans von Bülow (1830 – 1894) ao piano, a quem Tchaikovsky, dedicou esse concerto.

Hans von Bülow (1830 – 1894)
Observe! Esse é um dos concertos mais famosos em todo o planeta. Assim se expressou o pianista Hans von Bülow ao estrear a obra: “(…) a forma é tão perfeita, tão madura, (…) fiquei aturdido ao desejar acompanhar todos os detalhes de sua composição, cuja qualidade me dominou. (…)”
A gravação a seguir é com a Orquestra Filarmônica de Berlim com regência de Hebert com Karajan (1908 – 1989) e o solista o russo Evgeny Kissin (1971).
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